O coelho e o galo

O coelho e o galo eram muito amigos. Um dia, o galo convidou o coelho para passar um fim-de-semana em sua casa.

Quando chegou o fim-de-semana marcado, o coelho e a mulher compareceram na casa do galo. Encontraram a mulher do galo na varanda, mas o marido estava à sombra de um árvore, com a cabeça metida debaixo de uma das asas.

Mal chegou, o coelho perguntou à mulher do galo para onde teria ido o seu marido. Indicando, ela disse que o galo estava ali próximo da árvore, apenas a sua cabeça é que tinha ido passear. Ao ouvir aquilo, o coelho ficou pasmado e sem nada entender.

Passado algum tempo, o galo bateu as asas, levantou a cabeça e foi para a varanda cumprimentar o amigo.
Depois de almoçarem, ao despedir-se, o coelho convidou também o seu amigo a passar um fim-de-semana em sua casa. Vaidoso e não querendo deixar se ultrapassar, pensou, pensou muito sobre como poderia fazer igual surpresa ao amigo galo.

No dia combinado, o coelho pediu à esposa que lhe cortasse a cabeça e, quando o galo chegasse, lhe dissesse que o seu amigo estava lá mas que, infelizmente, a sua cabeça teria ido passear.
Quando se aproximava a hora de chegada dos hóspedes, a mulher do coelho cortou-lhe a cabeça: porém, ao invés do coelho gingar como previa, o infeliz morreu.

Quando o galo chagou, perguntou à dona de casa:

- Onde é que está o meu amigo?

A mulher respondeu:

- Está ali, só a cabeça dele é que foi passear.

O galo aproximou-se do amigo e viu que este afinal estava morto. Assim morreu o coelho vaidoso, que quis imitar o seu amigo galo.

Domingos do Rosário Artur: Ngano. Contos Populares da Província de Manica. Maputo 2013. Contador: Margarida Bento


Ilustração: Jorge Mungoi
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